A maior e mais ambiciosa construção de fontes barrocas da Itália e uma das fontes mais icônicas do mundo: Fontana di Trevi, em Roma. Com aproximadamente 26 m de altura e 20 m de largura, toda esculpida em mármore travertino e mármore carrara, a Fontana di Trevi possui quase 300 anos de idade e está situada no trevo onde se encontravam as vias De Crocicchi, Via Poli e Via Delle Muratte — “Fonte das Três Vias”.
Foi construída no ponto final do antigo aqueduto Acqua Vergine que, desde 19 a.C., fornecia água pura para a cidade. Segundo a lenda, a fonte teria sido descoberta por técnicos romanos guiados por uma virgem – evento eternizado em esculturas na própria Fontana. Durante as Guerras Góticas, a destruição do aqueduto pelos invasores marcou o fim desse abastecimento, forçando os romanos a depender de fontes poluídas e do Rio Tibre na Idade Média. Mas no Renascimento, o Papa Nicolau V restaurou o aqueduto e construiu uma fonte simples em 1453. Em 1730, o Papa Clemente XII organizou concurso para criar uma nova fonte e o arquiteto Nicola Salvi foi selecionado para o projeto. A construção começou em 1732 e foi concluída 30 anos depois por Giuseppe Pannini (porque Salvi falecera alguns anos antes).
Exemplo extraordinário da arquitetura e escultura barroca, a construção da fonte passou por várias interpretações artísticas, resultando em mudanças significativas nos elementos que compõem a forma final. Isso gerou uma série de equívocos sobre o significado das esculturas presentes. Contrariando a crença comum, a figura central da fonte não é Netuno, mas sim Oceanus, o deus dos mares, frequentemente confundido devido à associação equivocada com o tridente. Abaixo de Oceanus, há tritões montados em cavalos-marinhos, simbolizando as forças do oceano. À esquerda de Oceanus, encontra-se a personificação da Abundância, e à direita, a Saúde. Acima dessas três esculturas principais, estão cenas que narram a história de Agripa (general que ordenou a construção do aqueduto) e a lenda da virgem que revelou a fonte de água aos soldados romanos. No topo da Fontana di Trevi, quatro estátuas simbolizam as riquezas proporcionadas pela água, representadas por frutas, trigo, colheita do outono com uvas e vinho, e abundância das flores.
Baseado no mito nascido com o filme “A Fonte dos Desejos” em 1954, jogar moedas na fonte e fazer pedidos significa que logo serão realizados. Desde então, a tradição ganhou novos contornos: hoje, acredita-se que jogar uma moeda com a mão direita por cima do ombro esquerdo é garantia de que você retornará a Roma um dia. Jogar duas moedas da mesma maneira pode resultar em se apaixonar por um italiano durante a viagem, enquanto três moedas prometem casamento com essa pessoa. O costume se tornou tão difundido que, atualmente, cerca de 3 mil euros são lançados na fonte todos os dias. O dinheiro coletado na Fontana di Trevi é destinado à Caritas, organização que utiliza os recursos para ajudar os mais necessitados.
A conservação da fonte é tarefa contínua e desafiadora. As autoridades locais têm de lidar com a deterioração causada pelo tempo, pela poluição e pelo impacto do turismo de massa. Manutenções regulares e restaurações são necessárias para preservar a importante obra de arte e garantir que continue símbolo da engenhosidade e da história romanas.