Nativo da região mediterrânea, o sobreiro é o grande protagonista do mundo das rolhas. Também conhecido como sobro, sobreira ou chaparro, a árvore é da família do carvalho. Dela, extrai-se a cortiça que sacamos das nossas garrafas de vinho: é a própria casca da árvore – tecido celular homogêneo, elástico, impermeável e isolante térmico.
25 anos é o tempo que a casca do sobreiro leva para atingir espessura ideal à primeira produção de rolhas. E após a primeira extração, atingirá novamente a espessura propícia somente após nove anos. Antes destas datas, a cortiça não será suficientemente resistente. No entanto, a colheita não prejudica a árvore, de vez que volta a crescer.
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A extração da casca do sobreiro é realizada com machado e requer muita habilidade e prática, eis que um ferimento no tronco pode comprometer a próxima casca que se formará em 9 anos, ou até mesmo danificar a árvore. Depois de retirada em forma de prancha, a cortiça descansará por 6 meses e será lavada. Então planas e mais fáceis de manusear, as pranchas são muito selecionadas, cortadas em pedaços menores e perfuradas pelas máquinas em formato de rolha, na medida solicitada pelo cliente. Neste momento, há trabalho manual para separar as rolhas que eventualmente apresentem algum tipo de fungo (podem afetar sobremaneira a qualidade do vinho). Uma vez selecionadas, receberão as impressões personalizadas da marca do vinho a que se destinam. As sobras serão posteriormente trituradas e transformadas em outros tipos de rolhas, revestimentos, peças para decoração etc.
A seleção manual é imprescindível para detectar as que eventualmente estejam contaminadas com a doença da rolha ou “bouchonée”, que estraga o vinho, causa cheiro de bolor e gosto muito desagradável. A contaminação ocorre através do fungo Armillaria Melea e compromete todo o conteúdo da garrafa. Há estimativa de que até 5% de toda a produção mundial de garrafas de vinho possa estar perdida por conta da contaminação da rolha de cortiça. Também por este motivo é que um sommelier entrega a rolha na hora em que a garrafa é aberta (outro motivo é que, por praxe, a rolha pertence ao cliente).
Pela inegável qualidade do material e garantia de duração por décadas, a demanda da indústria vinícola pelas rolhas de cortiça é muito grande, o que resulta no alto custo de aproximadamente 1 euro por unidade.
O sobreiro é também ecologicamente importante e formidável: possibilita regulação hidrológica, protege o solo, conserva a biodiversidade das áreas de cultivo e retira carbono da atmosfera (cerca de 14,7t de CO2 ao ano).
Simplesmente fantástico.
Salute!
